Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Notícias da Reitoria > Professora do IFSP recebe prêmio de reconhecimento em Direitos Humanos
Início do conteúdo da página

Professora do IFSP recebe prêmio de reconhecimento em Direitos Humanos

Publicado: Quarta, 03 de Maio de 2023, 09h00 | Última atualização em Quarta, 03 de Maio de 2023, 09h00 | Acessos: 352

Docente teve a tese de doutorado premiada pela Unicamp e pelo Instituto Vladmir Herzog.

A professora Daniela Alves Soares, docente da área de Matemática do Câmpus São Roque, foi uma das vencedoras do Prêmio de Reconhecimento em Direitos Humanos promovido pela Unicamp e pelo Instituto Vladimir Herzog. O resultado do Prêmio foi divulgado no dia 27 de abril. 

 

 

Daniela recebeu o prêmio na categoria Educação por sua tese de doutorado intitulada “Sonhos de adolescentes em desvantagem social: vida, escola e educação matemática”. A premiação reconhece pesquisas comprometidas com a vida digna, em nível de graduação, mestrado e doutorado, em todas as áreas do conhecimento, desde que realizadas em instituições públicas de ensino e pesquisa com sede no estado de São Paulo.  

A professora do IFSP contou que sua pesquisa foi realizada com jovens estudantes brasileiros e colombianos de escolas públicas periféricas. “Particularmente no Brasil, investiguei jovens do 1º ano do ensino médio de um câmpus do IFSP. O principal instrumento de pesquisa foi a entrevista, mas também fiz grupos de discussão e assisti a a lgumas aulas de matemática. Meu principal aporte teórico foi Paulo Freire, Ole Skovsmose e Emanuel Lévinas, a partir dos conceitos de sonhos, inacabamento, ser mais, foregrounds, transcendência e alteridade”, relatou.  

“Com base em suas histórias, sonhos e as justificativas apresentadas, elaborei uma tipologia de sonhos para jovens em desvantagem social, qual seja: sonhos como necessidade, como possibilidade, como alteridade e como fruição. E argumentei que essa tipologia também pode se constituir como motivos para aprender. Por fim, destaquei que a luta por mais espaço para sonhos na escola e nas aulas de matemática não pode estar dissociada da luta por justiça social”.

De acordo com Daniela, o objetivo da sua tese foi investigar de que forma sonham adolescentes em desvantagem social e identificar possibilidades para que as aulas de matemática possam proporcionar mais espaços para o desenvolvimento dos sonhos desses adolescentes. “Como resultados e conclusões, destaco que os estudantes revelaram a existência de poucos espaços para sonhos na escola de forma geral, e especialmente nas aulas de matemática”, revelou.  

Segundo a pesquisadora, isso se deve, na perspectiva dos estudantes, ao conteúdo rígido, às relações professor-aluno e à competição durante as aulas. Ela conta que eles propuseram aulas mais colaborativas e o estreitamento das relações.  

A pesquisa de Daniela também identificou que os jovens, em sua maioria, têm muitos sonhos, a maior parte relacionados ao contexto profissional, mas alguns poucos estudantes expuseram ter um sonho único ou nenhum sonho. Também foram constatadas uma forte relação entre as histórias de vida dos estudantes e seus sonhos, a grande influência da escola como promotora de novas possibilidades e a presença de sonhos para familiares e comunidade. 

A professora afirmou que a pesquisa se relaciona diretamente com a sua prática docente no IFSP, pois a maior parte das suas aulas costuma ser dedicada ao ensino médio, e a temática dos sonhos dos jovens é algo que despertou o seu interesse desde o começo da sua vida profissional. 

Daniela acredita que o prêmio representa algo muito importante não somente para ela, mas para os professores de matemática de uma forma geral. E ressalta o fato de ser professora de uma das disciplinas que é considerada como uma das mais duras, abstratas e distantes dos aspectos sociais, e ter recebido um prêmio de reconhecimento em Direitos Humanos. “Ele [o prêmio] indica que nós, professores de matemática que temos preocupações com os aspectos sociais no ensino, estamos no caminho certo, pois temos trabalhado arduamente para reverter essa imagem e contribuído para que nossos jovens tenham voz, direitos e dignidade garantidos, por meio de nossas aulas, trabalho na escola e na academia”, finalizou. 

registrado em:
Fim do conteúdo da página