Projeto do IFSP conquista medalha de prata em premiação mundial
Desenvolvida no Câmpus São Paulo, inovação utiliza tecnologia de robô complacente.
O professor Alexandre Brincalepe, do Câmpus São Paulo, recebeu a medalha de prata pelo desenvolvimento do projeto que utiliza a tecnologia de robôs complacentes, durante o “Awards of Excellence 2023” do World Federation of Colleges and Polytechnics (WFCP), na cidade canadense de Montreal, nesta terça-feira, 25.
O projeto coordenado por Brincalepe foi uma das três pesquisas escolhidas pela WFCP na categoria Applied Research and Innovation para a premiação final. O prêmio celebra as contribuições notórias de instituições e indivíduos de várias partes do mundo na promoção da educação profissional e tecnológica de qualidade, bem como o desenvolvimento social e econômico mais amplo.
A tecnologia desenvolvida, denominada Robótica Mole ou Complacente (Soft Robotics), explica o professor, consiste em criar robôs a partir de materiais moles: “quando você pensa em um robô, normalmente liga a uma estrutura rígida, mas nessa tecnologia, a ideia é fazer robôs com materiais moles, como elastômero e borracha. Assim, você tem um robô melhor para ser utilizado, por exemplo, dentro do corpo humano, para manipular alguma coisa que você queira atingir dentro do Alseu corpo sem machucar, ou para manipular alimentos, como colher uma fruta numa árvore”, explica.
O desenvolvimento de um robô mole em formato de garra, selecionado para a premiação mundial, começou há sete anos, após a conclusão do pós-doutorado de Brincalepe na Universidade de Harvard, onde aprendeu a nova tecnologia.
Ao retornar ao Brasil, o docente desenvolveu uma garra robótica, que permite manipular objetos e volumes tais como líquidos e produtos granulados de diferentes tipos, apresentada na 1ª Conferência Internacional IEEE sobre Soft Robotics, em 2018, na Itália. “Naquele evento, percebi que havíamos desenvolvido algo inovador”, revela Brincalepe, após ter realizado uma pesquisa e conversado com pesquisadores de diferentes partes do mundo. Foi quando começou uma corrida contra o tempo para escrever o pedido de patente e depositar junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). “Ela foi avaliada e foi deferida. O Inpi confirmou que nosso projeto era realmente inovador e foi concedida a patente”, recorda.
A essa altura, o produto havia atingido o nível 6 na escala de maturidade tecnológica (TRL) criada pela Nasa com o objetivo de desenvolver uma padronização de entregas que indicassem, com evidências objetivas, quão prontas suas tecnologias estavam para a aplicação final. “O nível 6 é um protótipo que funciona. Eu tinha uma garra que funcionava e uma patente depositada”, relata.
Maspara fazer o depósito da patente, o IFSP exige que haja uma empresa interessada em licenciar a patente pra transformação em um produto. “Apresentei para uma empresa, que se mostrou interessada, conversamos, e eles resolveram criar uma nova empresa para licenciar a patente, propondo uma sociedade para mim”. Esse trâmite levou a inovação tecnológica do nível 6 ao nível 9 da TRL, maior nível da escala.
E uma das maiores surpresas estava por vir. A empresa criada para a produção e comercialização da garra é composta por quatro pessoas: Brincalepe, dois ex-alunos do docente no curso de Engenharia de Controle e Automação e o empresário interessado na tecnologia. “Foi isso que eu descrevi para concorrer à premiação do WFCP, além de mandar vídeos da garra funcionando, participação em eventos e a descrição do nosso grupo de pesquisas junto ao Diretório de Grupos do CNPq sobre soft robots, composto por docentes do Laboratório de Controle Aplicado do Câmpus São Paulo do IFSP”, afirma. O grupo desenvolve várias tecnologias na área de soft robots, como sensores e outros tipos de garras.
Realizado com a indicação ao “Awards of Excellence 2023” do World Federation of Colleges and Polytechnics, Alexandre Brincalepe exalta o caminho percorrido, desde a concepção da ideia até a produção da nova tecnologia. “Representa um grande sucesso, porque é muito difícil o processo. Dizemos que percorremos toda a escala de maturidade tecnológica que a Nasa criou, com a transferência de tecnologia do IFSP para uma empresa, que hoje apresenta essa tecnologia no mercado. Então é uma grande vitória para nós, para a Instituição. Ainda estamos na luta nos laboratórios para o desenvolvimento de novas tecnologias, e a empresa lutando para viabilizar a tecnologia, vender o produto”, conclui.
O pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação (PRP), Adalton Ozaki, enaltece a indicação. “A aprovação de um projeto do IFSP para a fase final do Excellence Awards da WFCP é um fato inédito e muito importante. Temos muitas pesquisas de qualidade sendo realizadas em nossa Instituição, que muitas vezes acabam não sendo divulgadas”, avalia.
Em ação conjunta da Inova-PRP-Arinter (Assessoria de Relações Internacionais), foi organizado, pelo segundo ano consecutivo, um edital de seleção interna, que teve dois projetos selecionados e submetidos à WFCP. “A aprovação do projeto coordenado pelo professor Alexandre Brincalepe Campo para concorrer ao Excellence Awards é o reconhecimento de uma entre várias pesquisas coordenadas pelo docente, sempre com protagonismo e participação de nossos estudantes”, ressalta Adalton.
Rafael Alves, pró-reitor de Extensão e Cultura (PRX), reconhece o ineditismo da conquista e parabeniza Brincalepe, aproveitando para contar que a Arinter será representada no evento pelo professor Wagner Belo. O docente, que terá mais uma missão institucional no Canadá, será o futuro coordenador de Relações Internacionais da Arinter, ligada à PRX . Rafael ainda explica que o IFSP será das poucas instituições também participantes da missão do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif) para realização de agendas bilaterais. Haverá trabalho conjunto, “por exemplo, com colleges e câmara de comércio, em Montreal e Toronto, a fim de prospectar novos acordos e possibilidades de cooperação e mobilidade para estudantes e servidores", revela.
A reitoria do IFSP irá custear a proposta classificada pela WFCP para a premiação, com diária e passagem para o coordenador do projeto.
Instituto Federal de Goiás
Além do IFSP, outro Instituto Federal foi premiado durante o evento. O IF de Goiás ficou em primeiro lugar na categoria Cidadania Global, com o programa LAPASSION em Rede, que destaca as iniciativas que promovam as melhores estratégias e ferramentas para preparar estudantes para a cidadania global. O projeto promove a inovação em metodologias ativas, no qual os estudantes são protagonistas do desenvolvimento de suas próprias habilidades, contemplando a agenda 2030 das Nações Unidas e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. O prêmio foi recebido pelo assessor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional do IFG, Luciano Perillo.
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