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CEX - Ciclo de oficinas reune educadores/as em atividade de extensão no campus São Paulo

  • Publicado: Terça, 26 de Agosto de 2025, 15h14
  • Última atualização em Terça, 26 de Agosto de 2025, 15h14
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A cultura de produtividade e desumanização no ambiente escolar tem sido causa da exaustão emocional de muitos educadores/as e gestores/as. A digitalização e plataformização da educação pública, apesar de almejar inovação e melhorias tem materializado as pressões dessa cultura. Slides padronizados gerados por IA, obrigações de uso de determinadas mercadorias digitais, testes padronizados que definem o orçamento de cada escola e a exigência constante por resultados que tiram completamente a autonomia dos educadores e não refletem o aprendizado dos estudantes, são alguns mecanismos que fazem parte dessa realidade.

Foi esse cenário que motivou a criação do ciclo de oficinas chamado "Entre o Silêncio e o Grito: Saúde Emocional em Debate", organizado por Ludimila Rabaquini Lourenço e James do Nascimento, participantes do Laboratório de Educações Emancipadoras Sociodigitais (Labees), ação de extensão do Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Este ciclo de oficinas que ocorreu nos dias 16 e 23 de agosto no campus São Paulo, criou um espaço de acolhimento e expressão, valorizando o cuidado como prática pedagógica essencial. Através de um mergulho sensível nos desafios emocionais da docência contemporânea, os/as participantes criaram experiências artísticas em formato de vídeos, fotografias e poemas.

O primeiro dia de encontro contou com rodas de conversa ao redor da mesa de café e um momento em que o professor Alexandre Aguado do IFSP Campus Capivari partilhou sobre tecnologias livres e comunitárias, cultura hacker e a existência de outras culturas tecnológicas que valorizam a autonomia, partilha, conhecimentos locais e criatividade. Inspirados/as por diversos projetos de criação tecnológica comunitária na america latina, os/as participantes foram instigados a criarem suas expressões artísticas ao longo da semana como forma de romper o silêncio e dar voz aos sentimentos muitas vezes sufocados pela rotina escolar e pela pressão por resultados.

No segundo dia, após um prazeroso momento de conversa, os/as participantes apresentaram suas criações e inquietações transformando o espaço em um ambiente vivo de trocas, escuta e partilha de experiências. As produções revelaram as múltiplas formas de sentir e resistir dentro da prática docente, ao mesmo tempo em que abriram caminhos para novas possibilidades de cuidado e colaboração.
Para muitos/as, esse momento foi profundamente significativo, pois contou com apresentações de poemas originais das participantes, composições em slides, imagens e falas a respeito do tema, além de uma análise mais aprofundada das questões em torno da prática docente. Tivemos também a colaboração de uma estudante do último semestre de licenciatura, que trouxe um olhar sensível sobre as perspectivas dos colegas com anos de experiência, favorecendo um diálogo intergeracional e enriquecendo a construção coletiva de saberes.

Ao final do ciclo, ficou evidente que “Entre o Silêncio e o Grito” não foi apenas uma série de oficinas, mas um convite à transformação. O espaço criado possibilitou que educadores(as) e futuros(as) docentes pudessem reconhecer suas dores, compartilhar suas histórias e fortalecer seus laços coletivos. As expressões artísticas revelaram que, por trás dos números, metas e indicadores, existem sujeitos que sentem, criam e resistem.

O ciclo, portanto, deixou marcas profundas: um convite à escuta, à criação e à construção de tecnologias de cuidado que se contrapõem àquelas que apenas padronizam e controlam. Uma lembrança de que o grito e o silêncio podem coexistir, mas é na partilha que encontramos força para seguir.

Essa matéria foi escrita colaborativamente entre os/as participantes deste ciclo de oficinas.

 

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